PRIMEIROS COLONOS E DISTRIBUIÇÃO DOS LOTES

A colônia deveria ser composta de famílias nacionais, as quais deveriam ser de boa conduta. Quanto aos lotes recebidos deveriam ser usados somente para o cultivo.

As primeiras oito famílias chegarem, segundo o administrador Schalappal, em 23 de março de 1861. Logo após receberam do Presidente da Província, Francisco Carlos  de Araújo Brusque, o titulo provisório de ocupação, sendo que o título definitivo só passariam a receber após o pagamento final dos lotes.

Em abril de 1861, já existiam 125 lotes medidos e demarcados. Ao chegar à Colônia, os colonos se instalavam num barracão e após construírem suas casa em seus próprios lotes e passavam a morar ali.

Para o cultivo da terra recebiam ferramentas: enxadas, machado, enxadão, foice. E, às vezes, auxilio para a primeira derrubada.

 

A Colônia Nacional de Angelina foi essencialmente uma colônia agrícola, sem métodos e técnicas apropriados, como era a tradição na agricultura brasileira da época.

No início de 1862, a colônia contava com 24 famílias. Em março, segundo o conselheiro Vicente Pires da Mota, já haviam 100 pessoas proprietárias de 28 lotes, onde produziam batata, milho, feijão e alguns produziam erva-mate.

Em 1863, a colônia contava com 51 lotes distribuídos. Era contabilizada uma pequena produção de batatas, feijão, milho, fumo, mandioca e erva-mate. No primeiro ano de cultivo, a colônia apresentou resultados esperados. A partir de 1863, foi constatado um solo pouco fértil e improdutivo.

 

O Presidente da Província, Pedro Leitão da Cunha, em 1863, visitou a Colônia Nacional de Angelina e constatou que os colonos estavam em estado de penúria, pois não havia igreja, hospital, escola, comércio e outros atendimentos.

A partir de 1865, aos jovens solteiros com compromisso de casar, era dado o direito de adquirir uma propriedade para se estabelecer na colônia.

Neste mesmo ano, a Colônia Nacional de Angelina contava com 130 lotes demarcados, dos quais 114 distribuídos, sendo 88 definitivos e 26 em processo. Ainda não haviam criado escola, hospital e igreja.

Até 1866, a colônia de Angelina era ocupada por luso-brasileiros. Mas, no mesmo ano, houve interesse de pessoas de origem alemã, especificamente da Colônia Santa Isabel em se fixar na colônia. As razões pelas quais os colonos de origem alemã queriam deixar Santa Izabel para morar em Angelina, estão relacionadas à falta de terras com solo fértil, estado de abandono em que se encontravam e outras. Assim, cerca de 30 famílias vieram se estabelecer em Angelina.

Desta forma, em 1866, 1,5% da população era alemã e dez anos depois, já era de 9,8%. No final de 1866, havia 105 casas com 156 lotes demarcados, dos quais 139 distribuídos: 105 deles com estabelecimento definitivo e 34, em processo. Apesar de ser observado aumento de colonos, continuavam as saídas e trocas de lotes.


Casa típica alemã - Betânia

 

Em 1867, houve o aumento de 37 casas. Haviam178 lotes demarcados, sendo 152 distribuídos: 140 deles com estabelecimento definitivo e 12 em processo.

Em 3 de novembro de 1869, Carlos Othon Schalappal deixou o cargo de diretor da colônia, assumindo o seu lugar Manoel Antonio Marques de Faria, no período de 7 meses.

Em setembro de 1869, a colônia contava com 142 famílias e 744 habitantes. Por não ter diretor na colônia, a partir de 1869, os colonos já estabelecidos e os que chegavam, encontravam a colônia desorganizada nas medições e demarcações dos lotes.

Em 1872, alguns colonos mais antigos não estavam em dia com os pagamentos dos lotes. Então, o diretor da colônia, Joaquim José de Souza Corcoroca, escreveu para o Presidente da Província para que tomasse providencias a respeito.

Nos fins de 1873, chegaram à colônia os primeiros imigrantes alemãs num grupo formado por 8 famílias, totalizando um total de 48 pessoas. Estes vieram diretamente da Alemanha. Os anteriores vieram de Santa Isabel e arredores. Com isto, Angelina perdeu o caráter de colônia nacional que era o objetivo inicial. Isto é, a partir daí, a colônia contava com pessoas estrangeiras e não só nacionais.

Sendo os diretores da colônia de origem alemã, passaram a priorizar a colonização com estrangeiros, juntamente com os Presidentes da Província. Apesar disso, havia interesse de colonos nacionais de se instalarem em Angelina.

Desta forma, até a emancipação da colônia (03/12/1881), Angelina passou a receber colonos nacionais, estrangeiros e entre os estrangeiros havia alemães, franceses, e escravos (PERARDT, 1990, p. 40-53).